A grande preocupação

Uma das maiores preocupações nos dias atuais é com o teor das pregações nas igrejas contemporâneas.

Preocupação esta que já vinha desde o início da igreja, no primeiro século. Naquele tempo já havia homens cheios de si, (“Porque haverá homens amantes de si mesmos…” 2 Timóteo 3:2) os quais não tinham compromisso com a Palavra de Deus.

Essa atitude ainda persiste e é perceptível que pregar a Palavra se tornou um status para alguns quando ouvimos algumas expressões no meio evangélico, como: “ prega muito”, “foi tremendo”, “foi power”, etc.

A responsabilidade

Quando alguém se coloca diante da responsabilidade de pregar um sermão logo vem a pergunta, o que eu vou pregar?

Essa preocupação é legítima, pois não está se falando de um mero discurso mas, de expor a Palavra de Deus à pessoas conhecidas Dele e também a uma grande maioria que ainda não o conhece.

Portanto, dentro desse contexto, onde estão envolvidas milhares de denominações religiosas é necessário ponderar o que se vai dizer para não confundir os ouvintes.

A problemática

Dentro dessa problemática(sobre o que vou pregar) os mais conservadores estariam com a resposta na ponta da língua: “O Espírito Santo me guiará em toda a palavra que eu disser”, fazendo analogia a um versículo que está escrito no evangelho de Mateus. (Mateus 10:19,20)

(Também creio piamente na atuação do Espírito Santo)

Mas será que é nesse contexto que este versículo foi escrito? Será que basta “ se achar guiado pelo Espírito" e sair falando o que vem à mente. Eis aí um dos primeiros grandes problemas das pregações contemporâneas, usar um TEXTO FORA DO SEU CONTEXTO.

O que Jesus quis dizer

Na verdade, nesse contexto em que Jesus orientou seus discípulos, eles estariam em uma situação de pressão, diante de um tribunal injusto, onde suas vidas estariam por um fio, e não diante de uma situação comum, no púlpito de uma igreja, onde o pregador obteve tempo hábil para estudar a Palavra e ministrar o sermão.

Portanto, ele quis confortá-los lembrando-os que deveriam estar totalmente na dependência de Deus e que em tudo seriam auxiliados pelo Espírito Santo.

A voz do Espírito Santo

Mas o Espírito Santo não fala? Com certeza fala, no momento oportuno, da forma correta, mas isso não exime o pregador do estudo da Palavra.(João 14:26)

Ele não dá autoridade ao pregador para acrescentar idéias humanas à pregação como se fossem a Palavra de Deus ou como se fosse Ele quem tivesse dito (Provérbios 30:6), pois corremos o risco de sermos repreendidos pelo Senhor , e ainda sermos chamados de mentirosos.

Os Tipos De Pregações

A Igreja precisa estar atenta a esse tipo de pregação descontextualizada, emocionalista, ironicamente profética, e sensacionalista.

Pois o evangelho tem sido banalizado por causa da incoerência das pregações, ou melhor , dos pregadores, que procuram um sermão MARCANTE e que na maioria das vezes o conseguem, porém, ser MARCANTE, não quer dizer que esteja agradando a Deus. (.Tiago 1:22 ARC)

O quatro tipos de sermões(pregações) que você deve evitar

  • Descontextualizada porque dispõe de uma hermenêutica bíblica rasa, onde aplica mandamentos e promessas referentes a outras épocas e povos à igreja contemporânea.
  • Emocionalista, pois na sua leviandade ou falta de coerência, procura na platéia elementos que possa usar em favor do seu discurso, como por exemplo: pessoas chorando, cabisbaixas, etc.
  • Ironicamente profética, porque enfatiza promessas e conquistas materiais em um contexto em que a Igreja necessita de fortalecimento espiritual para suportar os dias difíceis pelos quais está passando, e necessita de renúncia para que seja aceita por Deus.
  • Sensacionalista porque faz uso de assuntos sensacionalistas, capazes de causar impacto, de chocar a opinião pública, sem que haja qualquer preocupação com a veracidade. Quem nunca ouviu algum pregador dizer: “essa igreja hoje vai ser impactada”, quando na verdade, Deus quer da humanidade o seu arrependimento.(Mateus 4:17) Deus quer salvar e transformar, e não impactar.

A orientação Bíblica

A Bíblia nos orienta categoricamente sobre a pregação genuína onde não deve ser acrescentada nenhuma palavra humana à Palavra de Deus. (Deuteronômio 4:2) - é claro que não quero fazer aqui apologia ao engessamento da pregação.

Mesmo assim, vemos em nossas igrejas pregações que em alguns perícopes são usados trechos de movimentos como a Teologia da Prosperidade, Confissão Positiva e o Triunfalismo.

É preciso identificar se esse uso é proposital ou apenas uma demonstração de falta de conhecimento bíblico que faz com que o pregador passe a copiar alguns trechos de pregações de alguns “ícones” do "mundo evangélico".

A importância do ensino: a Escola Bíblica

Uma Igreja que zela pelos seus membros procura manter uma Escola Bíblica (EB) forte e bem estruturada, onde os alunos tenham subsídios necessários para identificarem as heresias que existem em algumas pregações.

No entanto, vemos ainda, uma grande resistência dos membros das igrejas a frequentarem a EB. Tudo isso, se deve ao longo período em que foram alimentados com discursos que na sua maioria direcionam as pessoas às conquistas materiais, mais do que as espirituais.

Por isso, a igreja precisa investir em projetos pedagógicos que incentivem e deem o suporte necessário para os membros e também para os professores da EB.

Capacitar os professores é fundamental, incluindo-os em projetos de formação continuada local, de acordo com a realidade de cada igreja. A criação de uma biblioteca na igreja também é algo que fortalece o ensino e a pesquisa.

Geralmente o pregador que não frequenta a EB utiliza argumentos imaginários em suas pregações. No entanto, quando questionado a respeito delega a responsabilidade do que disse ao Espírito Santo.  E ainda, menospreza os demais por não ter sua eloquência “de fogo”, dizendo que são “frios”, “carnais”.

Ora não podemos menosprezar a pregação pentecostal e nem tão pouco a pregação sistemática, pois ambas fazem parte do mesmo universo de fé.

Identificando traços da Teologia da Prosperidade, Confissão Positiva e o Triunfalismo nas pregações

Teologia da prosperidade (também conhecida como Evangelho da prosperidade) é uma doutrina religiosa cristã que defende que a bênção financeira é o desejo de Deus para os cristãos e que a fé, o discurso positivo e as doações para os ministérios cristãos irão sempre aumentar a riqueza material do fiel.

O movimento da "confissão positiva" ou da "palavra de fé" ensinava que um cristão com fé pode tornar algo que fala em realidade, desde que seja consistente com a vontade de Deus. Kenneth Hagin é creditado como tendo um papel-chave na expansão da teologia da prosperidade.

O Triunfalismo é um dos principais ramos dos ensinos da Teologia da Prosperidade. O fundamento teológico de tal ensino, portanto, encontra-se nas mesmas fontes do Movimento da Fé. Há duas realidades concernentes ao triunfalismo que precisam ser destacadas.

A primeira, de caráter sociológico, diz respeito ao atual contexto sócio-financeiro do povo brasileiro e ao espírito consumista alimentado pela mídia.

Os líderes triunfalistas abusam dessa realidade social a ponto de não prometerem apenas o necessário, mais o luxo, o sobressalente, o espetacular.

A segunda está relacionada à teologia e a falsa concepção de espiritualidade. Ensinam os homens a se aproximarem de Deus pelo que Ele concede e não pelo que Ele é. A bênção, para eles, é muito mais importante do que o Abençoador.

Conclusão

Por fim, reitero meu imenso prazer em fazer parte do pentecostalismo, apenas com a ressalva aos exageros mirabolantes. Essas são estratégias criadas por pessoas que tem descaracterizado o verdadeiro pentecostalismo e com isso, causado confusão na mente daqueles que buscam a Cristo.

"Porque eu testifico a todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro que, se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas neste livro;

E, se alguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte do livro da vida, e da cidade santa, e das coisas que estão escritas neste livro."(Apocalipse 22:18,19)



Fonte: https://globalizado.com.br/o-quatro-tipos-de-sermoes-que-voce-deve-evitar/